Ultrassonografia intra-operatória no combate ao câncer de mama

Publicado em 02/04/2018


Procedimento inédito. Ultrassonografia intra-operatória foi usada pela primeira vez numa cirurgia de ressecção de tumores na axila


Médicos mastologistas, em parceira com a clínica Lucilo Maranhão Diagnósticos, realizaram um procedimento inédito na medicina: uma cirurgia de ressecção tumoral na axila utilizando a ultrassonografia intra-operatória (USIO). Comumente usado para guiar intervenções em órgãos abdominais como o fígado, o procedimento foi adaptado para utilização pela primeira vez na área.

A paciente em questão havia passado por tratamento e cirurgia para a cura de um câncer de mama diagnosticado há 14 anos. Recentemente, ela teve a chamada recidiva tumoral na axila. Além do retorno do câncer, o nódulo foi fragmentado e se espalhou por três locais diferentes. “Dois deles eram fáceis de localizar, mas o terceiro estava próximo à estrutura vascular, o que dificultava o processo graças ao alto risco de lesões na área”, explica o mastologista João Esberard, responsável pela intervenção que aconteceu no Hospital Santa Joana Recife.

Tendo em vista a gravidade e complexidade do caso, Dr. Esberard reuniu sua equipe cirúrgica com a médica Beatriz Maranhão, do Lucilo Maranhão Diagnósticos, e juntos decidiram realizar a operação guiada pela ultrassonografia intra-operatória. “A técnica permite uma melhor visualização sobre os locais exatos do câncer, diminuindo tempo cirúrgico, riscos de lesões vasculares e aumentando a taxa de sucesso”, explica Dra. Beatriz, que comandou o equipamento durante a cirurgia.

Segundo o Dr. João Esberard a USIO foi imprescindível para realizar a operação, já que o local onde os tumores estavam é considerado uma “área nobre”, próxima a nervos importantes. “Um erro poderia comprometer o nervo de Bell, o plexo do músculo grande dorsal e a veia axilar. Era uma região anatomicamente delicada”, revela. A Dra. Beatriz Maranhão salienta que o sucesso da cirurgia se deu graças à boa comunicação e relação interdisciplinar entre os profissionais e suas especialidades. “Conversamos muito e chegamos à conclusão de que o procedimento poderia auxiliar o processo. Isso é um marco para a medicina. É a prova de que podemos unir técnicas diferentes para formar uma equipe completa e salvar vidas”, finaliza.